Entrevista com Juliana Ganhito, a responsável técnica pela OPT.DOC, mestre em Odontologia pela USP e professora do curso de Especialização em Periodontia da FFO-USP (Fundação Para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Ela irá nos falar mais sobre a relação da saúde bucal e a performance de atletas.
Existe alguma relação entre a saúde bucal e os esportes? Se sim, qual?
Sim, existe. Se um atleta tem cáries ou problemas de gengiva, por exemplo, consequentemente ele terá um problema mastigatório. Isso implica em dificuldades no consumo de alimentos e obter os nutrientes que ele precisa para a performance do esporte, além e infecções. Elas podem começar na boca e se espalharem por todo o corpo, o que implica na perda da performance. Também temos alguns estudos que mencionam que atletas com infecções bucais acabam por ter dificuldade na reparação das lesões musculares e até dificuldades na cicatrização.
Além de infecções, incômodos como a dor de dente também podem afetar o desempenho de um atleta?
Sim, além da dor de dente em si, que pode atrapalhar muito, como noites em claro e a dificuldade na alimentação levam a um treino ruim e a baixa performance nas competições. Tem ainda as dores da articulação mandibular, a ATM, que faz com que o atleta tenha dores de pescoço e cabeça, o que também afeta o rendimento do atleta.
Um atleta em tratamento de canal pode competir em qualquer modalidade, inclusive as de alto impacto?
Sim, o tratamento de canal em si não tem nenhum problema na sequência. A pessoa que o faz pode realizar atividades físicas e até provas de alto impacto, desde que a infecção esteja sanada. O problema está em não fazer o tratamento e permanecer com a infecção que implica em diversas questões como mencionamos antes.
Os remédios utilizados para o tratamento podem alterar os resultados esperados do exame de dopping?
Podem sim. Por exemplo um anti-inflamatório ou um corticoide podem alterar os exames de dopping. Por isso é preciso haver uma conversa entre o dentista e o médico responsável pela seleção ou atleta, antes do uso da medicação prescrita. Porque é muito perigoso, várias medicações alteram o exame de dopping e afetam a performance. Corticoide pode gerar edemas e o atleta por ficar mais pesado e com isso podendo perder rendimento.
Algum conselho para os esportistas?
Devem sempre procurar seu dentista e fazer controles periódicos a cada 6 meses, no mínimo. Assim o atleta pode evitar lesões durante as competições e sempre aproveitar o máximo de seu rendimento.